Mário Constantino responde a comunicado do PS Barcelos sobre aumento do preço da água

“Os vereadores da maioria, eleitos pela coligação Barcelos Mais Futuro, lamentam a hipocrisia política, a desonestidade intelectual, a mentira, a desfaçatez e a leviandade das declarações dos vereadores do PS proferidas nas declarações de voto e repudiam veementemente as acusações que lhes são dirigidas.

O que estava em causa na proposta que apresentamos é uma atualização imposta pela ERSAR e que apenas consistia num acerto anual em linha com a inflação.

Importa agora refletir sobre alguns dos pontos que a declaração de voto do PS suscita.

1- O ponto de situação atual relativo ao processo da concessão de água e saneamento.

Neste momento, existe um processo de execução da sentença no valor de 172 milhões mais juros o que perfaz um total de cerca de 212 milhões de euros, que a qualquer momento pode ser decidida a penhora das contas bancárias do município (pondo em risco salários e compromissos) e/ou transferências de verbas do estado para a autarquia. É uma situação grave e delicada que urge resolver.

A leviandade com que foram produzidas as declarações do PS, criam um clima de instabilidade e dificultam objetivamente qualquer tentativa de acordo ou negociação.

Ninguém está disponível para chegar a entendimentos, quando existe um ruído de fundo desfavorável ou quando existe a perceção que o clima de conflitualidade se mantém e se quer perpetuar.

Aliás, é do conhecimento dos vereadores do PS, porque alguns deles participaram, que o meu antecessor, numa reunião privada, solicitou recato, discrição e reserva para que as negociações decorressem com a tranquilidade e a coesão necessárias a um bom entendimento.

Mesmo num cenário de campanha eleitoral, fomos leais e tivemos o sentido de responsabilidade pondo os interesses de Barcelos e dos Barcelenses à frente dos eventuais ganhos eleitorais.

2- É inaceitável e de grande hipocrisia política que o vereador Horácio Barra tenha participado, ilegitimamente, enquanto candidato, em reuniões com os acionistas das Águas de Barcelos e as senhoras Vereadoras Armandina Saleiro e Anabela Real tenham feito parte do executivo que conduzia as negociações e que agora enjeitem responsabilidades e queiram impingir uma nova narrativa, quando não só não resolveram um problema em 15 anos, como o agravaram desmesuradamente.

Até porque, sabiam bem que o acordo aprovado em sede de reunião de câmara e de AM foi desfeito. Falta apurar de quem é a responsabilidade desse desfecho, pese embora a estranheza de um executivo campeão da litigância não ter reagido.

Sabiam ainda, que após a venda da Palinwater, houve uma providência cautelar que interrompeu as negociações e resultou num requerimento ao processo no sentido de avançar com a execução e agora acusam o atual executivo de querer reunir e negociar.

3- O PS diz que o executivo anterior e a AM aprovaram um eventual resgate ou uma eventual aquisição de 49% da participação da empresa.

A pergunta que se coloca é a seguinte: então porque razões, sejam elas claras ou obscuras, o executivo do PS nunca avançou para o desfecho do processo e deixou a pesadíssima herança de uma sentença condenatória já em execução de mais de 200 milhões de euros.

4- Em 2017, o PS apresentou uma proposta de aquisição de 49% da concessão que foi aprovada na câmara e na assembleia municipal.

Era presidente da AM o Dr Horácio Barra e eram vereadoras do executivo socialista a Drª Armandina Saleiro e a Drª Anabela Real que aprovaram e defenderam com convicção esta proposta.

Agora, num grande movimento contorcionista e de grande desonestidade intelectual, esquecem olimpicamente os pressupostos desse acordo, nomeadamente, o aumento significativo do tarifário e querem desenterrar fantasmas tentando, dessa forma iludir os Barcelenses e fugir às suas responsabilidades e incompetência.

5- Diz o PS que o atual executivo tem reunido com a administração da empresa Águas de Barcelos sem esclarecer a opinião pública nem a oposição sobre o teor dessas conversações…

Hipocrisia politica e falta de memória do PS, porque omite que durante doze anos, doze anos, enganou tudo e todos chutando para a frente um problema que deixaram nas mãos de quem agora tem de resolver o problema.

Nós Reunimos às claras com todos os atores deste processo no sentido de:

Em primeiro lugar solicitar a suspensão da execução que é uma espada que pende sobre as nossas cabeças e que nos impede de encontrar com tranquilidade e consistência o melhor acordo.

De seguida estancar a deriva ruinosa que o PS teimava em manter, de esconder os problemas para baixo do tapete, fingindo que nada se passava.

Assim, num ato de boa fé, de compromisso e de respeito pelos acordos existentes e das diretrizes das entidades competentes atualizamos o tarifário permitindo dessa forma um acordo para a suspensão temporária da execução.

6- Mais incrível e cínica é a acusação de que a atual maioria enganou os barcelenses sobre este assunto, quando foi o seu anterior presidente da Câmara que antes e depois de ser eleito e ao longo de 12 anos disse e redisse vezes sem conta, que:

primeiro tinha acordo,

depois que ia resgatar a concessão,

depois que a ia comprar

e depois de toda a novela, acabou condenado a pagar uma indemnização milionária.

7- O PSD desde sempre defendeu que o reequilibro teria sido a melhor solução.

Eu próprio, nas duas campanhas que participei como candidato, afirmei com clareza e transparência que iria partir para uma negociação em que, o valor da indemnização teria que ser reduzido, que o aumento do tarifário teria que ser diminuto e de acordo com a inflação e que, desde que estas premissas fossem respeitadas, estaria disposto, no quadro de possibilidades que nos fosse apresentado, aumentar os prazos, garantindo assim o equilíbrio desejado.

8- O PS diz-se coerente desde a sua votação de 2004 e na sua disponibilidade para negociar soluções para o problema.

Cinismo dos cinismos: agora que é oposição, o PS diz que quer colaborar numa solução de um problemas que, em três mandatos, não só não resolveu, como, desgraçadamente para todos nós barcelenses, agravou desmesuradamente.

9- É de grande desfaçatez querer através de uma insinuação infantil e insultuosa atingir um movimento político que assumiu, antes das eleições uma posição clara e inequívoca sobre o processo da água.

Por fim importa referir que a atualização anual de preços acontece em todos os serviços e em todas as áreas e lamentavelmente quem tanto se insurge contra este aumento nada diga ou faça e até assista em silêncio ao brutal aumento do preço da gasolina e aceite com complacência que tenhamos o gás e a energia dos mais caros da Europa.

Como ultimamente se tem dito na política: isso não passará!

Se o PS pensa que vamos baixar a guarda e sacudir a água do capote das suas responsabilidades, então que fique bem ciente que isso não passará.

Assumimos as nossas responsabilidades, mas não alijamos nem esquecemos as responsabilidades de quem durante 12 anos praticou a política de terra queimada, empurrou os problemas para a frente com a barriga, varreu o lixo para debaixo do tapete e agora, num assunto que é demasiado importante para os barcelenses, ainda se agora e atreve a fazer gincanas políticas.

Na política vale muita coisa, mas não pode vale tudo!

E se este assunto serviu para alguma coisa, serviu sobretudo para percebermos que afinal Costa Gomes deixou na Câmara uns dignos herdeiros da sua forma de fazer política.