DKC de Viana põe ponto final na paracanoagem. Possibilita canoagem de lazer a portadores de deficiência de instituições.

Foi uma jornada magnifica, o projeto da paracanaogem da DKC de Viana que logrou conquistar títulos e vitórias em campeonatos e provas nacionais tendo movimentado mais de uma dezena de atletas com deficiência intelectual e motora na área da competição.

O projeto iniciou em 2018 e teve a duração de oito anos, tendo conseguido várias vitórias nos campeonatos nacionais de regatas em linha, fundo e maratona nas categorias de KL2, KL3 e KS1. 

Teve também uma incursão no slalom

Os escalões etários abrangeram atletas dos 12 aos 45 anos. 

Isso foi possível graças ao esforço do voluntariado das gentes deste clube vianense, com um esforço hércule, pois as caraterísticas destes atletas pressupõe acompanhamento quase sempre individualizado.

Foi feita muita investigação por parte dos técnicos, encontradas soluções para cada um dos portadores de deficiência, absorvendo muitos meios e recursos do clube, o que contribuiu para um elevado “now wow”, com elevado sucesso, como é de conhecimento público, face aos resultados apresentados.

Conseguiu-se com sucesso fazer com que alguns dos atletas com dificuldades motoras e intelectuais tivessem canoagem inclusiva, pouco se diferenciando nos treinos dos seus pares, embora se tivessem que gerir ansiedades e por vezes frustrações, mas muitas, muitas alegrias. 

Há a consciência de que houve muitos momentos felizes.

Acontece que atualmente foram ultrapassados os meios que o clube dispunha, para este público, com elevado sacrifício de todos, desde atletas, treinadores, dirigentes e familiares.

O Projeto da paracanoagem chegou assim ao fim. 

Os meios de que o clube dispõe atualmente não permitem prosseguir projetos com atletas com deficiência na área da competição. 

Na verdade a DKC de Viana nunca recebeu apoios específicos para a paracanoagem.

Este clube vianense adquiriu quatro embarcações de competição de paracanoagem que possui, duas a expensas próprias e duas com apoio do IPDJ (apenas para lazer) as pagaias, os coletes, ergómetro e demais material tendo orçado uns dezoito mil euros de investimento em material. 

Houve atletas que adquiriram material próprio e deslocaram-se por várias vezes às competições em viaturas próprias. 

Isto aliado às dificuldades inerentes, pois houve atletas que lamentaram que o clube não tivesse os meios que gostariam de ter para o seu acompanhamento no plano de água. 

O que é verdade. 

Pois o acompanhamento pelos técnicos foi feito com muito sacrifício em embarcações sem motor, com grande sacrifício dos técnicos (“À braçola”).

Pois já não lhes bastava ter de levar e trazer as embarcações dos atletas com deficiência da e para a água.

Os treinos de ginásio tinham muitas vezes de ser individualizados e houve um investimento do clube em materiais específicos.

Aliado a alegadas promessas de integração em equipa nacional por parte de outros clubes, houve transição de um ou outro atleta para clubes de concelhos vizinhos, com melhores condições de acompanhamento destes atletas na água e que não necessitaram de fazer todo o trabalho extremamente difícil de formação de atletas desde a iniciação até serem campeões nacionais como teve que fazer a DKC de Viana, conseguindo esses atletas “de mão beijada”.

Na verdade, a DKC de Viana, como clube olímpico tinha aspirações de levar um atleta de paracanoagem aos Jogos Olímpicos, objetivo que não vai concretizar (embora estivesse no bom caminho durante o projeto, pois o trabalho para esse efeito chegava a bom porto).

E assim seria se não tivesse havido as vicissitudes aqui citadas. Mas á a vida, sobretudo quando não dependemos apenas de nós próprios. 

As organizações desportivas e as instituições são entidades complexas. 

Os atletas com deficiência que permanecem no ativo na DKC de Viana continuarão a praticar canoagem, agora não na competição, mas nas vertentes de desporto de lazer e promoção de hábitos de vida saudável, assim como os utentes de instituições que mobilizam pessoas com deficiência, em articulação de longos anos, tal como recém divulgado na última nota de imprensa, que mobiliza 200 utentes com a APPACDM 200.

A DKC agradece a todos os voluntários e pessoas de boa vontade que acompanharam estas crianças e jovens na vertente competitiva, inclusive aos seus colegas de competição regular durante estes oito anos. Agradece também o esforço de todos os atletas da DKC de Paracanoagem, pelos resultados obtidos, que mesmo sem as melhores condições deram o seu melhor e conquistaram lugares cimeiros, permanecendo leais. 

Verifica-se que o número de crianças com autismo em Portugal está em crescendo. 

O que traz novos desafios.