Uma organização de Toronto composta maioritariamente por portugueses, quer angariar cerca de 17 mil euros para implementar um programa de futebol junto de uma comunidade indígena, disse esta quinta-feira à agência Lusa uma fonte do grupo.
O “Projeto Primeiras Nações” visa combater comportamentos de depressão do povo indígena de God’s Lake, no norte do Manitoba (oeste do Canadá) através da prática do futebol. “Estamos a organizar campanhas de angariação de fundos para implementarmos um programa numa comunidade (das Primeiras Nações) em Manitoba onde recentemente 24 jovens tentaram cometer suicídio em grupo, quatro deles infelizmente tiveram sucesso e 20 foram hospitalizados e sobreviveram“, afirmou Paulo Pereira, de 47 anos, o presidente da organização.
Desde 2016 que o ‘Projeto Primeiras Nações’ está a desenvolver programas culturais e desportivos na Primeira Nação de Attawapiskat, no norte do Ontário, após aquela comunidade ter declarado o estado de emergência, com 11 dos seus elementos a tentarem o suicídio numa semana.
Há 29 anos no Canadá, natural de Barcelos, o assistente social numa escola de Toronto, sublinha que pretendem “dar continuidade ao trabalho com os povos indígenas agora na província do Manitoba”.
O grupo está a realizar diversas iniciativas para angariar cerca de 25 mil dólares canadianos (17 mil euros), o valor necessário para pagar todas as despesas. “Estas comunidades são remotas, não têm acesso por estrada, só dá por avião. Temos de fazer escala, de Toronto a Winnipeg. Depois num outro avião mais pequeno, num voo de duas horas. As passagens são a principal despesa, depois temos o alojamento, alimentação, e o material para implementarmos o nosso programa”, explicou Paulo Pereira.
O futebol foi o desporto de maior sucesso na comunidade Attawapiskat e será também aquele a ser implementado em God’s Lake, esclareceu. “Começámos com o futebol e tivemos sucesso com isso. Não vamos mudar o que decorreu bem. O nosso primeiro programa será somente futebol, durante uma semana, durante o dia com crianças num ginásio da escola e à noite, abrimos as portas para a comunidade em geral”, acrescentou.
O grupo composto por três coordenadores e com 10 elementos mais jovens vai deslocar-se até final do ano a Gods’s Lake, no Manitoba . “As Primeiros Nações sempre me fascinaram ainda quando estava em Portugal, tornando-se numa paixão. Assim que tive a oportunidade de conviver com o povo indígena do Canadá posso dizer que se tornou na paixão da minha vida”, concluiu.
Algumas sondagens revelam que as taxas de suicídio entre pessoas indígenas no Canadá são pelo menos três vezes superiores ao resto da população. Muitos povos indígenas declararam o estado de emergência devido a uma crise no suicídio em 2016.
Em agosto último, a tribo de God’s Lake, declarou o estado de emergência após quatro jovens se terem matado, verificando-se dezenas de suicídios naquela comunidade do norte do Manitoba, localizada a cerca de 1.000 km de Winnipeg, e que tem cerca de 1.500 habitantes.
(Notícia Agência Lusa)