Evento musical decorreu, esta sexta-feira, no âmbito das comemorações do 523.º aniversário
da instituição .
O barcelense Augusto Madrugada apresentou, esta sexta-feira, na Igreja da Misericórdia de
Barcelos, um recital de Música Sefardita. O evento musical estava inserido nas comemorações
dos 523 anos da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos e alinhado com a aposta cultural da
instituição barcelense. Também por isso, no final, o provedor da Misericórdia de Barcelos,
Nuno Reis, fez questão de “felicitar Augusto Madrugada por esta excelente oportunidade com
que fez sentir Cultura”.
“Pela sua voz, pelos seus acordes, tivemos oportunidade de passar por várias paragens, tivemos oportunidade de recuar a tempos antigos e tivemos também, e agradecemos essa
referência, a oportunidade de lembrar a Rainha D. Leonor […] que, por influência do seu padre
confessor, teve a feliz ideia de tentar organizar e congregar vontades, no sentido de dar resposta às necessidades que a sociedade de então já sentia”, observou o dirigente barcelense.
Nuno Reis lembrou ainda que “uma das Obras de Misericórdia espirituais é precisamente
ensinar”. “E ensinar é também aprender e aprender com aqueles que, de alguma forma, nos
trazem Cultura, tendo investido muitas das suas horas e do seu tempo a estudar, a investigar,
a construir, a projetar”, finalizou.
Promover a Cultura faz parte das prioridades desta instituição de serviço e de bem-fazer que
celebra 523 anos de existência. Com o recital de Música Sefardita, de Augusto Madrugada, a
Santa Casa voltou a acolher música na Igreja da Misericórdia, para que, num espaço renovado,
proporcionasse um momento aprazível e apaziguador, de fruição cultural, com a qualidade a
que já nos habituou.
Ao longo de mais de uma hora, o músico barcelense apresentou, entre outros, “Quando a rosa
floresce”, “Por esta noite serena” – o primeiro tema que recolheu do romanceiro sefardita –,
Morena me chamam” – que considerou “um dos mais belos temas da música sefardita” – e
acompanhou ainda “Nas terras da moirama” ao som da Barcelia, um instrumento, original,
que concebeu para acompanhar a música Moçârabe. Augusto Madrugada – nome artístico de
Augusto Leitão – gosta do palco e do contacto com o público. E, em palco, não só interpreta
os temas, como explica o que for necessário e partilha, com musicalidade e sentimento, o som
e a sabedoria. Assim o fez, ao longo do recital, contextualizando, partilhando informações e
explicações sobre os sefarditas e sobre as músicas ou a sua recolha.
Augusto Madrugada
Natural de Chavão, em Barcelos, Augusto Madrugada é um “Trovador da plebe”, como a si
próprio se vê e chama. Foi em Coimbra – onde se formou em Direito –, que começou a participar nas tertúlias académicas, com passagem pelos fados e baladas. Iniciou, ainda, a investigação do romanceiro e do cancioneiro – em especial do romanceiro sefardita –, sem, contudo,
descurar as músicas tradicionais e as cantigas medievais. Tentado pela arte musical, optou pela
via profissional. Na Universidade de Coimbra, licenciou-se em Direito, regressando, depois, a
Barcelos, onde fixou residência e exerce advocacia. A música, essa, manteve-se presente na
sua vida, como gosto e passatempo. Augusto Madrugada deu recitais em muitos e variados
pontos e levou a cabo uma recolha de instrumentos musicais nacionais e de outras culturas.
Entretanto, as celebrações do 523.º aniversário da Misericórdia de Barcelos continuarão, a 29
de junho, no Auditório da SCMB, com a mesa-redonda “Formar para Inovar”. O evento marca
o lançamento da Academia de Formação, criada com a missão de responder às necessidades
formativas de colaboradores da SCMB e de outras organizações, bem como da própria comunidade.
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