BE Barcelos espera que o novo hospital para Barcelos seja incluído no próximo Orçamento de Estado

“A Comissão Coordenadora Concelhia de Barcelos do Bloco de Esquerda realizou, na tarde da passada terça-feira, dia 3 de outubro, uma Conferência de Imprensa sobre a construção do Hospital de Barcelos, tendo colocado uma faixa alusiva a esta situação na entrada das atuais instalações do Hospital.

José Maria Cardoso, dirigente do Bloco de Esquerda e deputado na Assembleia Municipal, afirmou que a construção do Hospital de Barcelos é já “há muito reconhecida como uma necessidade premente, tendo esta obra passado por diferentes fases ao longo dos anos. Em 2019, por proposta do Bloco de Esquerda, teve os seus procedimentos concursais inscritos no Orçamento do Estado, embora o Governo não tenha avançado com a construção do Hospital. De um ponto de vista político local, os Executivos camarários PS e PSD foram incapazes de promover a construção desta infraestrutura, antes mantendo o foco numa luta partidária local acerca da compra dos terrenos.”

O deputado afirmou ainda que, embora considere que existem indicadores positivos que parecem dar alento à possibilidade da inclusão de verbas para a construção do Hospital no Orçamento do Estado de 2024, nomeadamente o Programa Funcional estar em fase de consolidação, a constituição de uma Unidade de Saúde Local em Barcelos e Esposende (num total de 39 em todo o país), assim como o trabalho que tem sido realizado na Comissão de Saúde da Assembleia Municipal. José Maria Cardoso considerou que “o Bloco de Esquerda olha para a construção do Hospital de Barcelos com alguma esperança, mas com desconfiança”.

Questionado pelos jornalistas, José Maria Cardoso comentou ainda o encerramento de serviços nas urgências, algo que já se verifica em Barcelos.

Considerando esta situação um problema nacional com maiores repercussões nos hospitais de menor dimensão, ainda que alguns sejam hospitais de referência do ponto de vista distrital, o deputado afirmou que em Barcelos dá-se o encerramento de Cirurgia Geral (9 médicos, em que 1 solicita dispensa pela idade, enquanto 8 apresentaram minuta de recusa ao serviço extraordinário, tendo ultrapassado as 150 horas anuais determinado por lei). Só em 2022, realizaram-se, 472 cirurgias de cariz urgente. Além disso, durante o fim-de-semana, há também a recusa às horas extraordinárias por parte de 10 médicos, num total de 12 que fazem serviço de urgência de Medicina Interna.

“Cria-se um problema grave, pois não há quem interne, nem acompanhe os doentes. Os médicos da linha da frente estão a pedir recusa, e nós, o Bloco de Esquerda, compreendemos o porquê disso. Manuel Pizarro, o Ministro da Saúde, diz que é algo normal, pois foi sempre assim que funcionou. O Sr. Ministro considera que é normal que os médicos façam 400, 500 ou até 1000 horas extraordinárias por ano, dado que sempre foi assim que as urgências funcionaram”, afirmou José Maria Cardoso. O deputado considerou estas declarações “infelizes”, pois “incentivam à ilegalidade, ao ultrapassar o máximo das 150 horas estabelecidas, sendo que este valor máximo não é definido por mero acaso”.

Fazendo referência ao Hospital de Braga, José Maria Cardoso alertou para o agravar da situação que se verificará quando os hospitais de maior dimensão começarem a encerrar serviços. O próprio Diretor Clínico do Hospital de S. João, no Porto, já alertou para a acumulação de serviço com entrada de doentes de outros Hospitais constantes da rede e risco de rutura. “E quando os médicos dos hospitais centrais também fizerem recusa? Assiste-se à normalização do anormal, com 17 meses de negociação entre Ministério e sindicatos, e o resultado é “palmadinhas nas costas”, com nada acordado. É a falta de qualquer vontade política do Ministro e do Governo de António Costa em investir no Serviço Nacional de Saúde”.

Por fim, o deputado considerou que o encerramento de serviços na urgência é “sempre penoso, pois gera falta de confiança e alarmismo na população. Aliás, os serviços de ortopedia e pediatria podem vir a ser os próximos. Da parte do Bloco de Esquerda, estamos solidários e conscientes da gravidade da situação, sabendo que a responsabilidade desta situação é do Governo e do desinvestimento no SNS”. Relembrando a necessidade da construção do novo Hospital, José Maria Cardoso considerou que, com uma nova infraestrutura e melhores condições, este seria mais atrativo pela diferenciação de especialidade e boas condições de trabalho”.

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda fez ainda dar entrada, na passada terça-feira, de um requerimento na Comissão de Saúde da Assembleia da República para uma audição com o Ministro da Saúde sobre a calamitosa situação que se verificam nas urgências de praticamente todo o país.”

A Comissão Coordenadora Concelhia de Barcelos do Bloco de Esquerda

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