Bloco de Esquerda de Barcelos emite comunicado sobre hospital de Barcelos

“Há décadas que a população servida pelo Hospital de Barcelos aguarda a construção de um novo hospital. Esta população residente em Barcelos e Esposende, que ascende a 154 mil pessoas, está farta de vãs promessas e sucessivos adiamentos com desculpas circunstanciais. Mais uma vez, depois de declarações promissoras e reconhecimento de premente necessidade, a desilusão da não inscrição de qualquer verba em Orçamento de Estado. Mais uma vez, prevaleceu a falta de correspondência a um direito básico de acesso a boas condições de prestação de cuidados de saúde. Mais uma vez, o desrespeito para com a população, a deslealdade para com os órgãos autárquicos locais, a indignidade política para com compromissos eleitorais assumidos.

O Hospital Santa Maria Maior, não obstante a qualidade dos serviços prestados à população por excelentes profissionais, depara-se com graves deficiências inerentes ao velho e exíguo edifício com imensas limitações estruturais, ao qual acresce localizar-se numa área central da cidade ladeado pelo recinto de feira e pelo pavilhão desportivo, com perniciosos impedimentos de fluxo de tráfego.

Sucessivos Relatórios de Gestão e Contas, nomeadamente em 2016, afirmam que “o Hospital Santa Maria Maior apresenta fortes constrangimentos da sua estrutura física que condicionam a realização das atividades assistenciais e que não podem mais uma vez deixar de ser mencionados” acrescentando que “ainda que exista alguma margem para aumento da eficiência interna, muitos dos atuais constrangimentos só poderão ser resolvidos com a construção de um novo hospital”.

Em 2017, em visita ao hospital, o então Bastonário da Ordem dos Médicos, afirmou que “os utentes de Barcelos merecem um novo hospital” acrescentando que a estrutura física atual se encontra completamente ultrapassada.

Em 2018, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, atual Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, em declarações à imprensa considerou importante e prioritária a construção de um novo hospital em Barcelos.

Na realidade, esta justa reivindicação já tem história e reiteradamente é objeto de referência aquando da discussão do OE. Até agora, e mais uma vez assim acontece este ano, não houve qualquer vontade política de corresponder ao legitimo anseio do/as barcelenses, por parte de sucessivos governos do PS, do PSD com ou sem CDS.

Em 2006, dez mil barcelenses manifestaram-se em Lisboa contra o fecho da maternidade

Em 2007, foi aprovado o projeto funcional do novo hospital e em 2008 foi apresentada a maquete do novo edifício pelo Secretário de Estado da Saúde, atual ministro da tutela, Manuel Pizarro.

Em 2010, o deputado barcelense Nuno Reis (PSD), afirmou com toda a convicção: “recebo com satisfação a confirmação de que o Novo Hospital de Barcelos irá efetivamente avançar.”

Em 2018, sob proposta do BE, aquando do debate na especialidade do OE, é aprovado a abertura de procedimentos concursais para a construção do novo hospital. Nada foi cumprido.

Em 2020, o então Presidente de Câmara de Barcelos anuncia que tinha a promessa que o início de construção foi sinalizado à tutela, por parte da ARS Norte, com a inclusão do Novo Hospital de Barcelos no mapa de investimentos para os próximos 4 anos.

Em janeiro de 2022, em campanha para as eleições legislativas, o 1º candidato da lista do PS no distrito de Braga e atual Ministro do Administração Interna, com demagogia e irresponsabilidade política, assegurava que o novo hospital seria uma realidade a curto prazo para o qual já havia verba inscrita no orçamento do ministério da saúde.

Em outubro de 2023, foi entregue o projeto funcional do hospital em resultado do trabalho realizado pela Comissão de Acompanhamento para a construção do novo hospital

No âmbito de intervenção local, em março de 2018, a Assembleia Municipal de Barcelos, sob proposta do BE, aprovou por unanimidade a constituição de um grupo de trabalho em defesa da construção de uma nova unidade hospitalar em Barcelos. No atual mandato, em 2022, foi aprovada uma comissão de saúde com o objetivo primordial de colocar em agenda política local e nacional o novo hospital. Neste sentido, tem sido feito um trabalho valioso de auscultação dos factos e conhecimento objetivo da realidade de assistência à saúde no concelho. Foi, inclusive, solicitada e realizada uma audição com a Comissão de Saúde da AR em que os partidos componentes dessa comissão expressaram concordância com a reivindicação e com a fundamentação. Na verdade, por parte dos agentes políticos e sociais locais é consensual a premência desta unidade de saúde. No entanto, cada movimento ou partido tem o seu entendimento do tipo de estrutura a defender. O BE lutará sempre por um novo hospital de construção e gestão exclusivamente pública.

Acresce a todas as considerações expressas a atual situação de perda de valências do serviço de urgências. O encerramento de serviços hospitalares é sempre penoso gerando falta de confiança e alarmismo, para além da efetiva privação de determinados serviços e capacidade de resposta às necessidades da população. Neste contexto também é de considerar que uma nova infraestrutura com melhores condições de trabalho e com mais atratividade pela diferenciação de especialidades, contribuirá decisivamente para consolidar serviços e assegurar maior diversidade de valências.

A população servida pelo Hospital de Barcelos é vasta e merece ter acesso aos cuidados hospitalares com a dignidade a que tem direito. Barcelos precisa de um hospital funcional, capaz de dar resposta diferenciada e de qualidade aos utentes da sua área de referenciação. Não podemos aceitar que consecutivos governos tenham ignorado e desrespeitado esta causa coletiva de uma população que há muito certifica a sua urgente necessidade. A propósito, até gostaríamos de saber qual é a posição do PS Barcelos acerca da recusa do governo maioritário do PS em inscrever esta infraestrutura no seu Orçamento de Estado?

Também estendemos as críticas à governação autárquica do PSD, do PS e da atual Coligação, que têm manifestado incapacidade negocial para cumprir a eterna promessa eleitoral que recorrentemente compõe os programas de governação. É verdade que a decisão pertence ao poder central, mas também é verdade que a realização do pretendido é tanto mais eficaz e célere quanto maior for o nível de mobilização e de empenho do município. Perdeu-se demasiado tempo em lutas intestinas com arremesso partidário pela aquisição, ou não, de terrenos.