José Novais contestado no plenário do PSD

Foram muitas as críticas e pedidos de demissão que o presidente da Concelhia do PSD, José Novais, ouviu no plenário do partido, sexta-feira.
De acordo com relatos de militantes à Rádio Cávado, José Novais chegou mesmo vaiado ao longo do seu discurso tendo a sua intervenção sido interrompida três vezes.
De entre as intervenções críticas contam-se as de Miguel Durães, que se demitira da Comissão Política por não concordar com a estratégia seguida por Novais, José Joaquim Gonçalves, presidente da JSD distrital, Bruno Torres, presidente da Junta de Galegos Santa Maria, e Sérgio Azevedo, candidato à Câmara “desconvidado” por Novais.
Sérgio Azevedo foi particularmente duro tendo dito a Novais, segundo um militante ouvido pela Rádio Cávado, “o senhor está politicamente morto e ainda não sabe”.
Das restantes intervenções críticas, foi pedida uma renovação do partido e o afastamento de José Novais. Recorde-se que o presidente da Concelhia do PSD já avançara à Rádio Cávado que levaria o mandato, que termina em Abril, até ao final.
Na defesa da estratégia de Novais, segundo militantes que estiveram no plenário, apenas falaram Joel Sá, Adélio Miranda e Nunes de Oliveira.
Na sua intervenção, José Novais terá dito que as eleições não se ganham, perdem-se, desculpando, assim, de alguma forma, o desaire eleitoral.
Novais criticou ainda os veredaores por não terem feito oposição ao PS e a falta de apoio de alguns autarcas, numa crítica direta a Bruno Torres, presidente da Junta de Galegos Santa Maria, que lhe respondeu lembrando o bom resultado alcançado na freguesia.
O que gerou maior descontentamento nos militantes foi José Novais não ter, na sua intervenção, em momento algum, assumido a derrota de 1 de Outubro e, ainda, desvalorizar os resultados.
O plenário foi muito participado, lotando a sala onde decorreu, e acabou por volta das três e meia da manhã. José Novais saiu antes das 2h00, justificando que tinha agenda uma viagem que arrancava às duas e meia da manhã.
Em declarações à Rádio Cávado, José Novais nega as vaias, mas não as críticas: “Não confirmo isso. Não existem vaias, estamos num partido civilizado, damos opiniões, as pessoas são livres de manifestar alguma concordância ou discordância, portanto não falamos em termos de falta de educação ali dentro. No PSD há elevação e sentido de estar. Quanto ao resto, as pessoas são de livres de opinar sobre o que bem entenderem”.
O presidente da Concelhia social-democrata diz que as críticas não põem a sua liderança em causa: “A minha liderança não está nada em causa. O que foi avaliado foram as equipas que foram candidatas no dia 1 de Outubro, não foi a Comisão Política. Equipas, essas, que tiveram de forma geral resultados encorajadores e dentro daquilo que é possível fazer a um partido que está na oposição, face a uma Câmara que usa e abusa do Orçamento, distribuiu dinheiro por tudo quanto mexia no concelho, usou dinheiro público para comprar votos. No contexto de oposição, num contexto nacional hostil ao PSD, no contexto de uma lista independente fortíssima, tivemos um resultado encorajador. Perdemos as eleições em 2009, não foi a 1 de Outubro. Estávamos no poder, perdêmo-las”.
À Rádio Cávado, José Novais reiterou as considerações que fez no plenário acerca dos motivos da derrota eleitoral: “Tivemos uma postura na Câmara Municipal que não fez oposição ao PS. Os vereadores não apresentaram propostas próprias, não fizeram oposição ao Partido Socialista, isso é um facto indesmentível que está plasmado nas atas. Isso trouxe desconforto na afirmação de oposição por parte do partido. (…) Houve uma ou outra Junta de Freguesia que levou o processo de recandidatura até ao final do prazo, criando na opinião pública um desconforto para o partido. E isso é público. Militantes nossos em vez de atacar quem tinha o poder, atacavam o partido. Houve setores do partido que trabalharam veladamente contra o partido ter um bom resultado”.
Outro assunto abordado no plenário do PSD foram as declarações de renúncia de dois deputados da Assembleia Municipal, Susana Araújo e António Lima, que terão sido forjadas. Susana Araújo usou da palavra para dizer que tinha pedido para ser substituída mas nunca que renunciava ao mandato e pediu explicações, mas José Novais já não se encontra na sala. António Lima não falou. A questão da Assembleia Municipal já tinha sido levantada anteriormente por Miguel Durães, mas José Novais não se pronunciou sobre o caso.

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