O Governo recebe hoje o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) para a retoma de negociações com a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários (Antram).
A reunião, marcada para as 16:00 no Ministério das Infraestruturas e Habitação, em Lisboa, realiza-se depois de, no domingo, num plenário em Aveiras de Cima (Lisboa), o sindicato ter decidido desconvocar uma greve que durava há sete dias.
Contudo, na moção aprovada durante o plenário, os motoristas decidiram mandatar a direção do sindicato para tomar medidas como “a convocação de greves às horas extraordinárias, fins de semana e feriados” caso a Antram “demonstre uma postura intransigente”.
Na segunda-feira, o SNMMP afirmou, em comunicado, que a greve terminou sem ter produzido “ainda” os resultados pretendidos e considerou que, apesar dos avanços alcançados, “as bases” para a negociação “ainda estão longe” do necessário.
“O Governo anunciou estar aberto o caminho para uma nova ronda negocial, à qual não vamos virar costas”, disse o SNMMP, no documento, considerando que “ficou claro” que o ponto de partida da mediação encontra-se “acima” daquele que se verificava antes da greve.
“Queremos negociar e, para o efeito, cumpriremos as condições exigidas para que a mediação reúna com todas as partes, mas não podemos mentir aos nossos associados e ao país: as bases que estão lançadas para essa negociação ainda estão longe do que precisamos para que os motoristas de cargas perigosas possam viver com a dignidade”, indicou o sindicato, na segunda-feira.
Por sua vez, a Antram congratulou-se, no domingo, com a desconvocação da greve e manifestou-se disponível para ouvir as “reivindicações legítimas” do SNMMP, mas dentro do suportável pelas empresas de transporte.
Em declarações à CMTV, o porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, frisou que as empresas “não podem aceitar aumentos” salariais que possam representar “despedimentos coletivos em massa” ou o “fecho das empresas”.
No início da madrugada de sábado, após o falhanço de uma reunião que durou cerca de 10 horas no Ministério das Infraestruturas, a Antram considerou que a proposta então defendida pelo sindicato era “incomportável para as empresas” e discriminatória para os trabalhadores filiados nos outros sindicatos.
“O aumento que o sindicato quer, além de incomportável, é discriminatório face aos colegas associados da Fectrans [federação sindical afeta à CGTP) e do SIMM [Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias]”, afirmou então à Lusa o porta-voz da Antram.
André Matias de Almeida adiantou que o acordo alcançado em 17 de maio inclui um “subsídio de operações (subsídio de risco para manuseamento de matérias perigosas), para entrar em vigor em 2020, para os trabalhadores de matérias perigosas”.
“A proposta do SNMMP era de aumentar esse subsídio de operações 40% acima do protocolado em maio, no valor de 125 euros”, referiu o representante da Antram.
Notícia Agência Lusa