Nem a chuva que se abateu sobre a região fez esmorecer o entusiasmo com que cerca de quatro dezenas de pessoas participaram, sábado à noite, na visita guiada às gravuras rupestres do Monte de São Gonçalo, na freguesia de Fragoso.
Esta iniciativa faz parte do programa “Arqueologia à Noite”, que tem agendados mais dois momentos semelhantes: o dia 23 de setembro está reservado a uma visita noturna ao cemitério medieval e ao templo paroquial de Tamel São Fins; e no dia a 7 de outubro – Dia Nacional dos Castelos – vai realizar-se uma ida às ruínas do Castelo de Faria, no monte da Franqueira, numa proposta que tem como aliciante extra ver o pôr do sol do ponto mais alto do concelho.
Para a equipa dos Serviços de Arqueologia do Município, promotores dessa iniciativa arqueologia, “há um crescente interesse e adesão de público a este tipo de atividades de interpretação do património, por ser ao ar livre, por se realizar à noite, e pela curiosidade natural que o tema da pré-história suscita no imaginário das pessoas. Apesar de se pretender divulgar e dar a conhecer estes sítios arqueológicos, a preservação dos vestígios não permite um número massificado de visitantes, daí que as inscrições são sempre limitadas a 40 participantes», refere Cláudio Brochado, arqueólogo municipal.
As gravuras visitadas fazem parte de uma rede complexa de cerca de sete dezenas de rochas gravadas, datadas entre 5.000 e 2.000 anos antes do presente, e que estão relacionadas com a sacralização do Monte de São Gonçalo pelos habitantes da região, durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro.
Os arqueólogos do Município de Barcelos identificaram cerca de três dezenas de rochas com gravuras que datam de há cinco mil anos, desde a época do Calcolítico até à Idade do Bronze. Os achados estão distribuídos pela encosta noroeste do Monte de São Gonçalo, entre as freguesias de Palme e de Aldreu.
O conjunto constitui um grande santuário rupestre.
Cláudio Brochado garante: “o conjunto constitui um grande santuário rupestre, um dos maiores do Norte de Portugal”. As primeiras rochas gravadas foram identificadas nas Chãs de Palme, em 2012, mas só com o alargamento da prospeção às zonas envolventes se percebeu a quantidade e a distribuição das gravuras pelas diferentes plataformas do Monte, assim como a qualidade e a diversidade dos temas gravados.
As gravuras já tinham sido referenciadas, em 2012, pelo arqueólogo Tarcísio Maciel, do Grupo de Estudos de Neiva, e foram posteriormente objeto de investigação no âmbito dos trabalhos de prospeção arqueológica realizados para a Carta Arqueológica Municipal.
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